por Hélio Eduardo Lopes, professor-parceiro da BMS

Nem mesmo Richard Saul Wurman, criador do termo Arquitetura de Informação, em 1976, e autor do livro Ansiedade de Informação, de 1991, poderia imaginar quantas disciplinas, além de profissionais com diferentes nomenclaturas trabalham hoje tentando organizar um mundo que vive uma overdose de informação.

Mais rápido do que podemos imaginar, vemos conceitos que se sobrepõem a outros criados há bem pouco tempo atrás, que a gente ainda nem conseguiu guardar na memória.

O termo AI, mesmo, tem inúmeras definições. Desde a minimalista, mas abrangente, “tornar o complexo claro”, do próprio Wurman, em 1997, até “a arte e a ciência de dar forma a produtos e experiências de informação para suportar a usabilidade e a findability”, de Rosenfeld e Morville, em 2006, que aborda mais especificamente a experiência do usuário.

Nos últimos três anos começou a despontar no mercado o termo UX Designer, para definir “o cara que organiza o site”. Na minha visão, o nome é fruto do Design Thinking, o plano dos designers Pink e Cérebro para dominar o mundo.

Segundo Dan Saffer, em seu Designing for interaction, o Design de Interação é uma disciplina com menos de duas décadas, que ainda está se definindo e figura entre disciplinas como a própria arquitetura de informação, o design industrial e o design visual (ou gráfico), estando praticamente toda inserida no UX Design, que leva em consideração, claro, os fatores humanos.

Na prática, é difícil ver as diferenças. Mas uma dica é referencial, dada pelo próprio Saffer. AI é mais centrada nela mesma e está ligada à estrutura do conteúdo: como fazer a melhor organização e taxonomia para que os usuários encontrem o que desejam. Já o Design de Interação transita por diferentes áreas, como design Visual, Industrial (ou Gráfico).

Mas... na boa? Na prática do mercado atual, a realidade é outra.

Vamos aos fatos: em primeiro lugar, por serem áreas surgirem recentemente, que ainda não definiram bem seus limites – e por terem MUITAS interseções entre elas! – fica muito difícil para entender o quem faz o quê. Muitas dessas pessoas nem sabem o que querem. Prova disso são os briefings que chegam faltando... informações!!!

Nessa hora a expertise do arquiteto se destaca. Descobrir as informações e muitas vezes os reais desejos do cliente – que muitas vezes não representam os interesses do usuário e é preciso demonstrar isso, apresentando alternativas – é a chave para se começar um projeto da maneira certa.

A interseção da AI com o Design de Interação passa pela... interação. É impossível um bom trabalho de arquitetura sem entender as possibilidades do design. Sem pensar em usabilidade. Esse trabalho em conjunto normalmente abre novas perspectiva e leva a concepções melhores dos projetos.

Mas a porca torce o rabo mesmo, como dizia minha avó, quando a empresa não percebe tais diferenças entre AI e UX Design e quer contratar apenas UM desses profissionais para fazer o trabalho dos dois.

É possível? Sim, dá. Mas que se saiba que, sem discussão, as propostas quase sempre ficam mais frágeis, correm o risco de não atender às diferentes necessidades de um projeto. Sim, a miopia também existe nos negócios.

Na hora da contratação, são os UX Designers que levam vantagem. Por muitos virem da área de design, tem conhecimentos no uso de ferramentas que muitos arquitetos mais conceituais não tem. 

Na verdade, o mercado quer todas as competências num só profissional. Se o arquiteto, UX Designer, até mesmo o Pink souber de programação, ou utilizar ferramentas como o After Effects e por aí vai, melhor ainda: custos menores!

Mas uma coisa é certa: não dá pra trocar uma equipe inteira por um único profissional.

Então, se liga! Seja multidisciplinar, mas é o trabalho em equipe que conquista o mundo!